sexta-feira, julho 13, 2007

Joana e a Câmara de Lisboa [O Último Post deste "velho" Verdelima]

Oh Céus!
Tanto tempo ausente e tanta coisa sobre a qual falar!
Em primeiro lugar deixem-me pedir desculpas pela ausência, o facto de estar fora de Portugal, torna a minha capacidade crítica do País muito fraquinha e efémera.

Mas - e antes de vos anunciar quaisquer novidades relacionadas com o Verdelima (e são muitas garanto-vos) - vamos mas é cá falar destas, cada vez mais próximas, eleições intercalares.

Doze (12!) candidatos à Câmara Municipal de Lisboa. 12 Projectos, 12 ambições, 12 promessas e - esperando que não sejam mais de doze - algumas mentiras. Como seria de esperar não vou expor o meu voto de Domingo, mas julgo ser bastante óbvio para os meus leitores mais fiéis qual o candidato vencedor do meu sufrágio e da minha simpatia. Digo somente que voto para eleger um Vereador, visto achar que, seja qual for o próximo, fará exactamente o mesmo trabalho que o anterior.
Lisboa, a Câmara Municipal mais endividada do País. Por ser a Capital, talvez, por ter sido – como tantas outras – exposta à corrupção, muito provavelmente.
O facto é que, disserem eles – os 12 grandes candidatos – o que disserem, não há grande volta a dar. Não julgo ser num todo culpa de X ou Y que a CML esteja numa situação de endividamento grave. Suponho que tenha sido um caso de “arrasto”, de despreocupação colectiva de sucessivos Presidentes da Câmara, que negligenciaram todos os indicadores em prol de um lugar à sombra e de uma saudável imagem pública. Resta agora saber se todos estes ecléticos candidatos estão, de facto, prontos a assumirem uma tal responsabilidade.
Numa cidade na qual cerca de 92% da população está recenseada para voto (521811 habitantes, de acordo com o STAPE – Secretariado Técnico dos Assuntos para Processo Eleitoral, 2006), mas aproximadamente 7% dos eleitores não participaram no escrutínio, de 2005 (STAPE, 2005), será que a escolha final tem assim tanta ponderação por parte dos Lisboetas?
O mais curioso é a diversificação das origens políticas dos candidatos à CML. Dois nomes independentes, cinco partidos maioritários e vários candidatos de facções até agora desconhecidas para a maioria dos eleitores, fazem das Intercalares uma votação particularmente interessante no que toca a análise política. É no mínimo irónico que haja tantos cães a um osso tão roído como Lisboa. Certo é, alguns candidatos estão na corrida pela promoção do seu partido mais do que pela vitória em si.
É o caso em particular do jovem partido de extrema-direita, PNR; do novo partido centralista, PND; e do partido ambientalista MPT.
Chego agora então à parte que mais me cativava escrever. Em poucas palavras, para que não enoje os meus leitores, vos cito alguns dos chavões do candidato José Pinto Coelho, do PNR, quando falando do seu programa eleitoral ao jornal 'Meia Hora'. O vago termo “senhores do sistema” é referido repetidamente, ficando o leitor sempre na dúvida se Pinto Coelho se refere à máfia, aos partidos maioritários, ou pura e simplesmente sofre de paranóia e mania da perseguição. O PNR tem já um movimento de bloqueio (
http://anti-pnr.blogspot.com/) e é, pelo menos assim o espero, apenas uma vaga passageira apoiada pelo recente movimento de direita que se faz sentir entre população mais jovem, mas o facto é que os ideais retratados são de certo modo aterradores e alarmantes. E se for este o Portugal pensante do futuro? Xenofobia, Homofobia, Racismo… Um pouco de tudo aquilo que revolta qualquer cidadão cosmopolita do século XXI. Deixo apenas mais duas citações do candidato, para que vejam aquilo a que me refiro: “(…) é preciso cortar as verbas para as associações sectárias e antinacionais, como a promoção da homossexualidade ou de apoio a imigrantes” e “Não queremos viver numa cidade que (…) apoia as marchas gay”. Infelizmente, este mesmo candidato tem algumas ideias interessantes referentes ao Parque Mayer e a reabilitação da Baixa lisboeta. Ideias que devem, contudo, ser algo impraticáveis perante a situação financeira da Câmara Municipal.
Prosseguindo. As mais recentes sondagens – realizadas entre o dia 6 e 11 deste mês – apontam para uma vitória de António Costa, do PS, com 37%; seguido do “deposto” Presidente, Carmona Rodrigues, agora em termo independente, com 16% (Público/TVI/ Rádio Clube, 2007). Em terceiro lugar está apontado o PSD, com Fernando Negrão, com 15% do eleitorado. A CDU e o Bloco de Esquerda com 14% e 7,4%, respectivamente. Para que conste e fiquem mais descansados, o PNR conta apenas com 0,5% dos votos, número que eu espero ver decrescer no próximo dia 15.
E assim termino esta minha pequena análise. Muito haveria mais a dizer, estou certa, mas deixemos as estatísticas falarem por si e ver o que acontece no Domingo. O meu voto estará lá, conscientemente empregue, na esperança que tenha aproveitamento máximo. No fundo só há uma coisa que desejo - ver a minha cidade ter o uso e o respeito que lhe compete.
Linda, multifacetada e internacional, Lisboa terá sempre uma vantagem: ser Lisboa!


E agora que já não devem querer ouvir mais nada, deixo só assente, que quando voltar o Verdelima será um novo Blog. Estamos cheios de novidades para vir. E uso o plural, porque – e adianto aqui alguma informação – terei um novo colaborador, que me ajudará no novo conceito do Verdelima. Descansem, continuará a ser em Português, e com os mesmos ideais e tópicos-chave, mas rejuvenescerá com um novo lay-out, com mais artigos informativos e de opinião e com muito mais assiduidade.

Ate lá, espero ver-vos por aqui ou pelo Fashion-It (quem sabe)!
Joana