domingo, agosto 06, 2006

A discoteca era boa, mas os amigos eram muito melhores

Tenho andado um pouco lamechas... já reparei, já reparei, mas é inevitável... Vou deixar este país lindíssimo (mas com muitas falhas a nível político-social), vou para um país muitíssimo desenvolvido, mas onde a luz solar por ano é de 9 meses, vou deixar de falar diáriamente a minha suave e dócil língua materna, vou deixar Portugal.
De qualquer maneira, não era disso que vos vinha aqui hoje falar. Este último parágrafo era apenas para me desculpar, porque o post que se segue será novamente de foro lamechas e emocional.
A verdade é que me apercebi ontem de algo maravilhoso (tem sido uma semana cheia de coisas maravilhosas). Podemos estar onde estivermos, mas não há nada melhor do que estar com os amigos!
Agora os leitores irão achar que me rendi às frases cliché e às concepções adolescentes, mas, tenho que admitir, que foi exactamente isso que senti na passada sexta-feira. Visto que os denominados amigos se auto-reconhecerão nas próximas passagens, peço condescendência, prometo não usar os nomes verdadeiros e todas essas balelas mais de ocultação de identidades.
Então, fui sair na sexta feira passada com a Mariana, o Rui (um casal de namorados meus amigos há já algum tempo) e um amigo do Rui.
(Para quem não gostar dos nomes, azar! Foi o melhor que se arranjou!)
Aliás, se eu não soubesse que esse amigo do Rui tem namorada ainda me punha a achar que eles me estavam a fazer um arranjinho, algo que eu não suportaria, porque acho das coisas mais patéticas e humilhantes que podem fazer a um solteiro. Ainda hei de fazer um artigo sobre isso...
De qualquer maneira, por falta de documentos da Mariana fomos "barrados" numa discoteca, algo que nem me importou por aí além, e acabamos por ir parar às Docas. Agora, quantas vezes não me aconteceu o mesmo com outras pessoas - pessoas menos interessantes, inteligentes e não tão minhas amigas quanto isso - e, se não entrarmos na porcaria da discoteca a noite acaba por morrer mais cedo do que previsto e vamos todos com um sorriso amarelo para casa?!
Contudo, com a Mariana, o Rui e o amigo (coitado, este ficou sem nome...) foi, simplesmente, agradável. Não foi uma noite de arromba, de cair para o lado e tudo o mais, mas foi uma noite bem passada, com uma conversa animada e com pessoas de quem gosto. Acabamos a noite na Merendeira a comer pão com chouriço e caldo verde e a falar do que mais gostamos ou não (o que eles não sabiam era que eu estava a expor o meu último artigo aqui do blog).
Foi uma noite tão agradável, que combinamos repetir para a semana e desta e vez ir mesmo à acima referida discoteca.
Como podem ver, o mais importante não é a discoteca tal com o Dj coiso, nem a bebida, nem a roupa que levas vestida (por muito que isso possa ajudar), mas sim com quem vais, com quem estás e com queres estar. Se estas últimas permissas estiverem todas de acordo, então tens a noite garantida!
Vão por mim...

sexta-feira, agosto 04, 2006

A Receita para a Felicidade ou Aquilo que deviamos fazer todos os dias, sem pensar duas vezes e sem sentimentos de culpa

Há coisas que de facto nos fazem pensar, se não será apenas por elas que estamos aqui. Razões para acordar todos os dias, pôr os pés no chão e se saber que se está vivo.
Por vezes, por entre o bulício dos dias de trabalho, por entre as dores de alma, do espírito emocionalmente desgastado, somos incapazes de os ver, tão perto estão de nós e nós tão longe deles. Estou a falar de coisas banais, coisas simples, que nos fazem suspirar, que nos tiram o folêgo ou que nos fazem sorrir.
Coisas tão triviais como o cheiro a terra molhada no Outono, o crepitar de uma lareira, um banho de mar ou pão saloio acabado de cozer.
Em retrospectiva vejo um ano pelo qual passei de olhos fechados por tudo isto. Um ano no qual me esfalfei em ansias e paranóias, um ano em que me iludi e desiludi. Quantos dias de luz clara, incidente e contagiante - como o de hoje - terei deixado escapar? Quantas vezes terei negligenciado uma lufada de ar quente, daquele que nos acaricia as feições e nos deixa estonteados, como que embriagados de felicidade?
Perdi milhentas oportunidades de festejar só porque sim, de beber champagne, de conversar até às tantas, de adormecer enquanto leio, enfim, de fazer todas aqueles pequenos rituais que adoro. Mas talvez seja por os usufruirmos apenas de vez em quando que têm o seu encanto. Fazem-nos lembrar bons momentos, fazem-nos viajar no tempo e reviver só coisas boas.
De qualquer maneira, quem não gostaria de reviver todos os dias momentos felizes, ou mesmo de criar novos momentos com cheiros, sabores e texturas já tão conhecidas?
Por isso a partir de agora vou tentar estar sempre perscrutando o espaço à procura daquele cheiro a vela apagada, do suave som do jazz sussurrado e vou passar a não deixar escapar a oportunidade de dar um beijo molhado, de comer Nutella sem culpa, de dançar semi-nua pela casa com a música aos altos-berros.
E assim terei pelo menos conseguido por vezes arrancar de mim mesma um sorriso, um suspiro ou um pequeno baque no coração.