sábado, outubro 28, 2006

Rir - porque não há nada melhor que uma boa gargalhada e um tipo estúpido vestido de preto

Todos nós sabemos que por vezes rir é, mesmo, o melhor remédio. Por isso, para todos os que por essa web fora se sentem assim cabis-baixos postei aqui um remédio hilariante que descobri recentemente!




Se não acharam piada, olha, estiveram durante 2 minutos a pensar como há gente que faz de tudo por uns instantes de tempo de antena.

segunda-feira, outubro 09, 2006

Homossexualidade, Aceitação e Homens - três componentes de um triangulo de Diógenes

Se lhe chamo Triangulo de Diógenes é porque nada há da mais cínico que um bom português. Eu gosto, a sério que sim, porque, de uma forma muito directa, também me esforço por ser o mais cínica que conseguir. Convenhamos, não é um cinísmo daqueles à hipócrita - nem pensar - é um cinísmo assumido, orgulhoso e aliado ao seu irmão sarcasmo, nas melhores ocasiões.
Prosseguindo... Não era bem disto que eu hoje queria falar. Hoje proponho-me a abordar um tema perigoso, periclitante: a Homossexualidade.
Não, desculpem, mas não venho para aqui julgar o que é ou não a causa da homossexualidade, isso a mim não me interressa pevas e, como não sou médica, nem sou demagoga, nem psicóloga, nem filósofa (só nas horas mais entediantes), acho que não tenho a mínima aptidão para o fazer. Diga-se de passagem, acho que ninguém o tem e acho ainda, que ninguém o devia ter. Porque quem é homossexual é que sabe porque o é e, talvez, nem o saiba sequer, tal como eu não sei porque sou heterosexual. São coisas que se sentem, que se são. Não são coisas que se analisem.
Perguntar-me-ão vocês, porque me apeteceu agora falar sobre isto. Homossexualidade? Que raio de tema!
Pois bem, a verdadeira razão é que, nos últimos meses, me tenho cruzado com várias pessoas que o são. Infelizmente, nem sempre me cruzo com elas nas mais felizes situações.
No passado mês de Setembro, um amigo de alguns anos faleceu vítima de SIDA. Foi, como devem imaginar, um abalo muito grande e fez-me pensar muito sobre o assunto.
Como muitos homossexuais em Portugal (sejam eles homens ou mulheres) não era publicamente um homossexual assumido. Era-o de uma forma apenas natural. Sabem, quando ninguém vos diz que ele o é, mas toda a gente sabe. É uma forma muito portuguêsa de assumir e de lidar com a homossexualidade. Sabe-se, presume-se e pronto.
Já conhecia - e conheço - outros homossexuais. Na minha família a homossexualidade é aceite enquanto um facto natural. Se quando era pequena abria muito os olhos ao saber estas coisas, também de muito pequena aprendi que se deve respeitar, conviver e discutir abertamente. As coisas são como são e devemos chamá-las pelo próprio nome.
Mesmo assim, sempre vivi rodeada de homofóbicos, pessoas discriminantes, homens que se sentiam totalmente constrangidos quando havia um homossexual por perto. Como tudo o que deve respeito à sexualidade humana, o Bom-Português transorma-a em anedota, num piada burgessa, vaudevilleana. Basta olharmos para os "grandes humoristas" portuguêses, como o Fernando Rocha e o Sr. Herman José. Enfim...
Quando cheguei ao Reino Unido, conheci um colega, que - percebi logo - era homossexual. Logicamente, não se dirigiu a mim de mão estendida e disse "Olá, o meu nome é ****** e sou homossexual.". Novamente, era um facto naturalmente assumido. Pensei que as coisas aqui se processassem da mesma maneira que em Portugal.
Enganava-me.
Dias mais tarde, numa situação algo caricata, vim a conhecer o namorado dele. Apresentou-o enquanto tal e não havia inseguranças, temores ou qualquer tipo de complexos na maneira como o disse. Foi directo: "Este é o **s***, o meu namorado." Achei - óptimo - um homem com H grande! Que assume aquilo que é, seja esse facto aceite ou não pela sociedade. Mas era aí que me enganava. Compreendam, eu parti sempre do princípio, que tudo isto era um ENORME gesto de coragem. Obviamente que o é, mas eu estou muuuuito longe de Portugal.
Ou seja, quando soube que o meu amigo era homossexual, pensei que era das poucas pessoas que o sabiam, que ele iria tentar ocultar o mais longo tempo possível. Até porquê, ele tinha um amigo também daqui, que - julgo - não era gay. Para mim todo este imbróglio ia criar uma data de desconfortos nos dias seguintes.
Mas a verdade é que, vim a descobrir, em Inglaterra (ou pelo menos em Londres, no meio que frequento) a homossexualidade é aceite, englobada e vivida. O nosso outro amigo (vamos chamar-lhe Micheal) se não sabia já, pouco ou nada ficou surpreendido e pouco ou nada alterou o seu comportamento para com o ******. Este facto repetiu-se em todos os outros homens que lidam com o ****** e, como comecei a estar alerta, em todos os outros casos de amizades entre hetero- e homossexuais do sexo masculino com que me deparava.
Os homens britânicos não se sentem ameaçados pelos gays, não se sentem desconfortáveis. Não são tendencialmente homofóbicos, não são descriminantes, não são conservadores. Depois de alguma reflexão concluí que nada há de mais natural, num país que se vê premanentemente rodeado por escândalos politico-sexuais. Existem, de certeza, mais de uma dúzia de fascistas anti-homossexuais, principalmente no Boroughshire-Upon-The-Bree e terriolas que tais. Até os há, por certo, por aqui por Londres. Mas a questão é que, a maioria dos Londrinos, enquanto população multifacetada e multicultural, aceita a homossexualidade como um dado adquirido do género humano e não como uma aberração, como é tomado em Portugal.
Quão fascinante (e refrescante) é vêr jovens da minha idade, comunicando descontraídamente, alheios e desinteressados das opções sexuais de cada um. Havia de ser em Portugal e já os estavámos a ver com, pelo menos, dois metros e meio de distância (outro mito português é que todos os gays têm SIDA e que o HIV se transmite ao toque).
Se em Portugal o sexo masculino, a homossexualidade e a aceitação social são uma triologia diogeneana, aqui, onde me encontro fascinada agora, todos estes elementos não passam de átomos irmãos numa teoria de Demócrito.
(E devia eu continuar em Portugal?)

quarta-feira, outubro 04, 2006

Resposta ao Post Ante-Anterior

Como as coisas acontecem naturalmente… ainda no outro dia vos falava de como estava algo aborrecida com a minha condição de caloira (não apenas na Universidade, mas também na própria Residência) e já hoje me encontro a falar com várias pessoas, com algumas tendo até uma troca de frases mais animadas (devo este facto contudo a uns copinhos a mais de Merlot; que ainda por cima é um vinho carrascão…).
De qualquer maneira, esta é a prova do que vos estava a contar no outro dia (devido aos atrasos da postagem, há que explicar, que o outro dia era Domingo 24/09, hoje, para mim, é Segunda-Feira dia 25/09), basta abrir-se uma fresta e: Zás! Ali vou eu ao encontro de uma cambada de pessoas novas.
Aqui, onde me encontro agora (Londres, UK) o Mundo parece-me algo completamente diferente. Se em Lisboa podia parecer, por vezes, algo “diferente”, aqui sou, como eles dizem: “rotten normal”. Alguém que passa quase despercebido. Sou igual a todas as outras raparigas e, por muito que isso às vezes me cause um certo desgosto, não deixa de ser apaziguador apercebermo-nos que não somos diferentes de todo o Mundo, apenas vivemos num país algo limitado. Nunca, mas mesmo nunca, me irei arrepender de ter vindo para a capital bretã. Vivo num meio exclusivamente estudantil, onde as ideias e as renovações (entre begees e charros) estão na ordem do dia; onde se discutem ideias, música e artes entre um copo de vinho e uma garfada do pré-congelado do dia. Como sempre quis, estou finalmente no meio de gente, que tanto pode ser absolutamente estúpida, como absolutamente genial! Sei que este facto se deve também, por estar a residir num Campus de uma Universidade de Artes, mas, lá está, era exactamente isso que eu ansiava! Artistas, filósofos, jovens! Pessoas com ambições, com sonhos, sem tabus! Ninguém aqui espera nos próximos cinco anos constituir família… Acabaram de conseguir dissolver-se da sua! São pessoas sem ideias pré-concebidas (ou pelos menos assim o aparentam ser)…
Concluo, que vivi mesmo durante dezoito anos na Bimbolândia… Adoro-a, mas eu quero, eu preciso, de muito mais. A luz, o Tejo, as pessoas, tudo isso faz falta, mas toda a saudade se cura em dois meses e é essa mesma saudade que é saudável! Todos os portugueses deviam sair dali, pelo menos uma vez! Os que de facto amam Portugal, mais cedo ou mais tarde voltariam. Mas voltariam com ideias novas, com mentes mais abertas, com refrescantes perspectivas.
Não sei no momento, como devem imaginar, se voltarei ou não ao meu saudoso país… Só sei que ficarei por aqui, ou, pelo menos, por fora, até ter completado a minha instrução. E não me refiro à minha instrução académica, mas à minha pessoa. Aquilo que tenho que crescer enquanto Ser-Humano. De repente consigo compreender porque Fernando Pessoa era extraordinário: para além de génio, tinha visto o Mundo fora das altas e obsoletas muralhas, que são o nosso preciozinho Portugal.