terça-feira, junho 20, 2006

Pequena Pausa

É apenas para avisar os meus poucos, mas fiéis leitores, que estarei inactiva durante um curto espaço de tempo.
1º - vou entrar em férias
2º - o meu PC, material primordial para a escrita do meu blog, está neste momento com uma pequena avaria, de modo que nem sempre arranjo um espaço onde esteja um omputador grátis e disponível para eu escrever descançadamente.
Que engraçado... isto de estar sem computadador é um pouco como estar solteiro... Está-se sempre à procura de alguém disponível, versátil, pouco dispendioso (para não dizer grátis) e que possamos ocupar o tempo inteiro.

Sendo assim, é tudo... espero quando voltar já não estar solteira... tanto de computador como do resto...

sábado, junho 10, 2006

Eu tinha, tinha mesmo, compulsivamente, que comentar o Mundial...

Começou! Começou o novo Holocausto, o fim do Mundo, o início da expiação de todos os nossos males! Ok... vocês provavelmente conhecem-no por Mundial. Epá... isto é assim: eu até gosto de futebol, tipos a correrem de um lado para o outro em fatos 85% em lycra, e tudo o mais, mas sinceramente... um mês inteirinho de febre futebolística, com tudo o que isso acarreta (bandeirinhas e bandeirolas nas varandas e estendais, enxertos de publicidade com associações ao futebol e pessoas aos berros no Marquês às 2h da manhã) é demais!
Confesso, que há dois anos me rendi ao espírito. O campeonato era cá, havia muito turista, havia estádios novos e hinos urbanos, enfim, por alguma razão acabei por me envolver no meio de toda aquela parafernália, mas - chamem-me derrotista - o meu momentaneo nacionalismo desportivo não aguentou a derrota da final e não consigo encontrar forças para me pôr agora por aí aos saltos a gritar: "Portugal! Portugal!"
Para além disso tenho que aturar com os membros masculinos cá da casa a sequestrarem o televisor durante horas. Sim, porque qualquer fã que se preze não se limita a ver o jogo, não, há que ver todas as repetições, as sínteses dos jogos, os comentários, as análises e os eventuais debates de género: "Afinal foi fora de jogo ou nãp?!".
E depois há também aquele síndrome social do "excluir todo aquele que não estiver a par de todos os jogos, lances, remates e penalties do Mundial". Porque será que quando perguntam:
- Viu o jogo? - e respondemos:
- Não... não gosto muito de futebol... foi algum jogo do Benfica? - parecem querer matar-nos! Os olhos reviram, depois ficam estáticos, numa perturbante raiva dardejante e, por fim, lançam um profundo suspiro (daqueles suspiros que vêm bem de dentro, lá do fundinho da alma) e num abanar de cabeça afastam-se, deixando-nos incompreensívelmente perdidos e desconsolados por não conseguirmos alcançar o patamar mínimo exígido a um Ser que queira fazer parte desta sociedade.
O futebol leva os portuguêses a fazerem figuras parvas! É que não são os tremoços e os litros de cerveja que me constrangem (esses são inevitáveis em qualquer altura do ano) é aquele fervor generalizado pela Selecção Nacional. Aquele idolatrar dos pobres jogadores.
Quererá este povo obliterar toda a nossa condição de "País Subnutrido" com cinco ou seis vitórias num relvado? Acreditarão eles mesmo, que, ao ganhar uma taça ganharam também o respeito e os direitos do Mundo que se auto-cataloga civilizado?
Enfim... portuguesisses...
Só espero que desta vez ganhemos mesmo, que é +ara não ter que aturar de novo uma dúzia de membros du sexo masculino em depressão pós-derrota (ou então, também podemos perder logo, que é para ver se ainda consigo assistir ao final da novela, que eu quero saber quem afinal é o filho da Bia...).

sexta-feira, junho 09, 2006

Aquilo que todos pensamos uns dos outros...

O que é exactamente um "estranho"? E quem deu à palavra "estranho" uma conotação tão negativa? Um estranho... um desconhecido. E quando é que passa a ser um "conhecido"?
Estou a divagar, é certo...
Imaginem então que encontraram alguém mesmo muito simpático, alguém com quem não se importariam de ir beber um copo, ir ver um filme ao cinema e por aí fora, mas que, infelizmente, nunca viram mais gordo. É-vos portanto: um Estranho. Contudo, ou vocês ganham coragem, metem conversa, ou é mesmo o vosso alvo, que vos interpela e, vai daí, inicia-se uma agradável conversação. Tudo muito bem. No meio deste jogo todo não existem segundas intenções - não que elas não vos tenham passado pela cabeça - estão apenas a conversar, trocar opiniões, perdoar bácoras, curtir uma eventual bebedeira. No fundo, estão com alguém, com quem nunca teriam tido o menor relacionamento, não fora a situação em que se encontraram e no meio da multidão que vos circunda não haver mesmo mais ninguém com o mínimo interesse. De qualquer maneira, após algum tempo neste pequeno jogo antropo-social um dos dois tem que se retirar e acaba ali, sem nada de extraordinário a recontar, o vosso breve encontro. Agora impõe-se uma análise. Afinal o que vos é aquele indivíduo?
- Conhece-lo? - perguntam-vos.
- Sim.
E é verdade, conhece-mo-lo, estivemos a falar com ele/ela durante umas horas. Mas, na verdade conhece-mo-lo? Sabemos talvez o primeiro nome - por vezes nem tanto - sabemos que gosta de música rock, de comida indiana, de ir à praia com os amigos e sair à noite. Sabemos que usa um after-shave agradável, que por vezes conjuga incorrectamente a terceira pessoa do plural e que prefere o vodka-tonic à cerveja. Sabemos que somos de areas completamente diferentes, que por vezes não conseguimos deixar de desviar o olhar para o tipo mais giro da sala e que ele é, de longe, intelectualmente inferior a nós (ou então o nível de alcool no sangue lhe está a atrufiar os raciocínios).
Ou seja, não o conhecemos, porque aquilo que sabemos são julgamentos prévios, alguns preconceitos e muita conversa fiada.
Lá está: é um Estranho? Mas não é um desconhecido. Aliás, nunca diriam a ninguém: "Olha, estive agora a conversar com um estranho. Um desconhecido com quem meti conversa. Era simpático, estava um bocadinho tocado e gosta de jogar bridge."
E o pior de tudo é que a palavra "conhecido" está tão cheio de conotações satíricas, que nem vale a pena ir por aí.
Na verdade, não estou a tentar chegar a lado algum com isto, apenas a ver se descortino uma maneira de explicar à minha mãe quem eram aqueles tipos que no outro dia me trouxeram a casa...

sábado, junho 03, 2006

O glamour de mentir para se ser glamouroso

Todos tentamos dar uma versão mais glamourosa da nossa vida. Talvez para nos sentirmos um pouco mais valorizados, para continuarmos a fazer exactamente aquilo que não nos dá tanto gosto assim. Aquilo que todos parecem quase desprezar, aquilo em que temos mesmo de ser bons, ou catalogar-nos-ão por falhados.
Pergunto-me se haverá alguém que seja de facto apenas bem sucedido e não tenha que, de volta e meia, dar um toque de brilho, como que um retoque, na imagem que é a sua vida.
Eu não sou, de todo, excepção à regra... Voltei ontem de uma viagem à Alemanha. Tenho dito; "Fui à Alemanha cantar para 10 000 pessoas". Postas assimas coisas parece algo incrível, inouvidável. A verdade é que fui apenas fazer coro a uma amiga, que foi, de facto, cantar algo a solo. Não se tratava óbviamente de um concerto há muito publicitado, foi apenas uma celebração, quase underground, a propósito do Mundial que se avizinha. Os participantes eram todos jovens provenientes de escolas alemãs e centros culturais, enfim, ginastas e acrobatas. O nosso grupo circense convidou-nos para fazer música ao vivo... Fomos tão secundários que mais pareciamos inexistentes. O acontecimento em si passou, como era de prever, totalmente ao lado do Mundo português. Acredito que um dia passe em reposição na 2. Talvez num sábado à tarde, pelas cinco, ao mesmo tempo que na Sic passa o mais recente filme do James Bond.
De qualquer maneira... Os espectadores até que eram muitos, não 10 000 de certeza. Lá porque havia 10 000 cadeiras, não quer dizer que tenha havido 10 000 espectadores. E estou convencida, que a maioria dos que ali estavam a aplaudir eram pais e familiares dos participantes... enfim... O inocente que atire a primeira pedra...
No fundo, não serão estas meias-mentiras apenas um pretexto para continuarmos a viver descançadamente a nossa "rica vidinha"?!
Olho cepticamente para uma vida absurdamente previsível... as pessoas regem-se por leis muito simples, como receitas de sopa da pedra... Afinal, sejamos francos, apenas queremos que ela se pareça um pouco mais com um filme a metrocolour e menos com uma versão ridícula de um reality show.
E se for sempre por esse pequeno e inócuo motivo, bem... então "englamouremos" todos um pouco mais a nossa vida.