sexta-feira, novembro 09, 2007

Movimentos Juvenis ou O Desinteresse Político da Juventude Portuguesa

Querido João,


este não vai ser um post muito grande.
Estou com pressa.


Não quis, contudo, deixar de relembrar a difícil situação venezuelana do momento. E não, não me estou a referir aos problemas económicos e às múltiplas infracções contra a Carta do Direitos Humanos. Refiro-me, isso sim, aos protestos estudantis contra a alteração constitucional propostas pelo Presidente Chavéz.


No passado dia 7 Caracas viu-se encher de estudantes universitários, prontos a defender o estado democrático em que até agora vivem. Demonstrações que deviam ser pacíficas e protestos intelectuais deram, contudo, lugar a motins e confrontos, não apenas entre manifestantes e agentes policiais, mas - mais curiosamente - entre estudantes contra e pró-Chavéz. Os manifestantes alegam nunca ter tido em mente uma demonstração violenta e que têm por armas apenas as ideias (Wikinews, 2007). Por outro lado, poucas não foram as imagens transmitidas pelos media em que jovens (presumivelmente apoiantes de Hugo Chavéz) apontam armas aos peitos de colegas, como se aqui estivesse em questão a sobrevivência de cada um.


A alteração da Constituição Venezuelana incorpora direitos presidenciais como o controlo absoluto do Banco da Venezuela e a criação de novas províncias dirigidas por membros colocados directamente pelo Presidente.


O que aqui está em questão é o estatuto antidemocrático que estas alterações trazem. E se por um lado me sinto contente ao ver jovens venezuelanos atentos ao possível abuso de poder pela parte de Chavéz, também me custa saber que tantos outros estão de acordo com tais medidas. O facto de Chavéz estar no poder há mais de 8 anos devia ser suficiente para despoletar manifestações...


Pergunto-me o que motivará a ‘juventude ocidental’ hoje em dia a aderir tão ferozmente à esfera politica. Não me interpretes mal, eu também tento estar atenta aquilo que me rodeia e às decisões que são tomadas pelos dirigentes tanto do meu país como os do resto do Mundo, mas estarão os venezuelanos embrenhados neste tópico porque as medidas sugeridas são de dimensões extraordinárias ou porque, no fundo, não são aquilo a que chamamos ‘uma sociedade ocidental’ e tudo o que isso acarreta (uma economia de base capitalista, um país de sistema democrático, um país de morais e demagogias europeias)?


Porque será que em Portugal já não se vêem demonstrações estudantis, manifestações intelectuais, movimentos de protesto contra medidas governamentais não-escrutinadas? Porque será que nos contentamos com um voto por cada x período de tempo e não nos abalamos com o que passa no entretanto?


Questões iguais a tantas outras que já tenho posto neste Blog.


Espero que mas possas responder (ou, quem sabe, discordar), tu que tens um ponto de vista mais novo e que ainda vives aí, no país que não se rebela mais.

Saudações cordiais e amigáveis,

Joana

quinta-feira, novembro 01, 2007

Querida Joaninha

Começo então como me pedes, vou começar por me apresentar aos leitores de este blog. O meu nome é João e para quem não sabe sou o novo colaborador do Verde Lima. Escrevo também um blog em decadência chamado "Sentido da Coisa"

Acertaste-me no meu ponto fraco, porque sinceramente deixaste-me sem argumentos contra a prostituição e o tráfico sexual. Visto que não vou conseguir criar uma opinião própria, visto que o tema também envolve feminismo e eu não consigo descrever emoções que tenham a ver com o sexo oposto. Também, com a maior das inseguranças, começo já por afirmar que me sinto algo imaturo por estar a avaliar e a contra-argumentar as opiniões de uma pessoa que já esta na universidade, com muita opinião própria, com uma escrita muito melhor que a minha e cinco anos mais velha, sendo eu um reles estudante escolar que lê um livro uma vez em cinco meses.

Em primeiro lugar concordo contigo quando dizes que a cultura pop, a televisão e a literatura-light esta a ‘aligeirar’ a questão da prostituição. Mas aí já entramos noutro tema, a influência dos média sobre a nossa “cultura”. Isso não acontece só em Inglaterra (agora vem a primeira comparação Portugal - Inglaterra no blog), acontece em todo o mundo e essa é na minha opinião um dos maiores problemas da globalização. Há televisões com um conteúdo baixo e generalista em todo o mundo e aposto que todos os canais têm programas como ‘The Secret Diary of a Call Girl’. Novamente concordo contigo porque este programa realmente só existe para aligeirar a prostituição. Ninguém fica com programas ou séries como essas alerta dos problemas do tráfico sexual. Nos é que temos de ter a noção de que mulheres são exploradas, maltratadas e abusadas e não são de certeza tratadas como ‘Prostitutas de classe’. Dando agora um exemplo, já viste os anúncios da MTV (que curiosamente é o canal mais ‘easy-watching’ que já vi com programas como o “Dismissed” ou o “Next”) contra o tráfico sexual. Num temos uma mulher a fazer uma dança no poste e uns homens a babarem-se. Depois obtemos um perspectiva diferente onde vemos a mulher preza ao poste na horizontal numa vitrina a rodar como carne e os homens de gatas como cães a babarem-se. É um anúncio que mostra mesmo a perspectiva da mulher sentindo-se como um objecto. Agora entraria muito no feminismo, mas não posso porque sendo homem posso ser muito mal julgado…

Espero que te esteja a correr todo bem em Londres,
Beijinhos